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Divaldo Franco: O Médium que Transformou Milhares de Vidas

Imagine uma criança de apenas 4 anos, que queria apenas brincar e aproveitar a infância, enxergando além do que os olhos comuns podiam ver. Enquanto outros meninos corriam, riam e pulavam no quintal, ele permanecia num canto, em silêncio, conversando com presenças que só ele via. Esse era o Divaldo Franco criança.

O que para os olhos comuns parecia fantasia, era na verdade o prenúncio de uma missão que se tornaria grandiosa e rara. Muitos se assustavam, outros zombavam, mas ele? Ele escutou. E foi assim, entre brincadeiras interrompidas e vozes do invisível, que começou a nascer a trajetória de Divaldo Pereira Franco: um homem que, ao longo da vida, trocou o medo pelo afeto e fez de si mesmo um refúgio para quem já não encontrava abrigo em lugar algum. Sua vida foi mais que uma existência – foi um abraço contínuo, naqueles que mais precisavam de acolhimento e esperança.

Quem foi Divaldo Franco?

Divaldo Franco veio ao mundo em 5 de maio de 1927, na calorosa e terrosa cidade de Feira de Santana na Bahia, onde o sol parece sempre aquecer os corações. Desde muito cedo, mostrava que não seguia o script comum da infância. Enquanto os garotos aprendiam sobre a vida correndo atrás de pipas e bolas de meia, ele desvendava um outro universo – mais sutil, mais misterioso, mais invisível. Falava com vozes que ninguém mais ouvia, enxergava presenças que escapavam aos olhos alheios. Era como se carregasse nos ombros miúdos a sensibilidade de um velho sábio.

divaldo franco jovem

Divaldo formou-se professor primário, e durante anos encheu salas modestas de escola pública com mais do que lições de português ou matemática — ele ensinava, com o olhar e a escuta, que cada criança é um universo em formação. Mas sua vocação era como um rio teimoso: recusava-se a ficar contido entre as margens do ofício. Seu talento para educar – ou melhor, para tocar almas – escapava pelas frestas da sala de aula e corria mundo afora, encontrando novas formas de florescer onde houvesse sede de sentido, fome de consolo ou vontade de crescer.

Mas até os farois mais potentes um dia se apagam da vista. No dia 13 de maio de 2025 – apenas oito dias após completar 98 anos – Divaldo encerrou sua jornada terrena em Salvador, Bahia, após enfrentar com coragem um câncer na bexiga. Partiu como viveu: sereno, discreto e cheio de fé. Deixou para trás um rastro de consolo, como perfume que permanece no ar depois que a pessoa já se foi.

Sua partida, apenas alguns dias após completar seu aniversário, deixou um vazio no coração de milhões de pessoas. Porém, como ele mesmo costumava dizer, “ninguém morre, apenas muda de plano”. E certamente, seu espírito continua a trabalhar pelo bem, enquanto seu legado permanece vivo entre nós.

A Obra de Divaldo Franco: Muito Além dos Livros

Em 1947, enquanto tantos jovens de vinte anos buscavam noitadas, paixões passageiras ou um rumo qualquer que aliviasse o peso de crescer, Divaldo encontrou algo muito mais raro: um propósito. Foi quando se encontrou na doutrina espírita — não como quem encontra um livro numa estante, mas como quem se reconhece num espelho. E, desde então, passou a cultivar sua missão com o cuidado de quem rega, dia após dia, um jardim de afetos. Onde muitos semeiam ambição, ele semeou consolo. Onde tantos espalham medo, ele plantava fé.

Cinco anos depois, em 1952, ao lado de seu irmão de caminhada, Nilson de Souza Pereira, deu vida a um projeto que não nasceu de grandes recursos, mas de um gesto simples e radical: acolher uma criança. E depois outra. E mais outra. Assim nasceu a Mansão do Caminho, não como uma construção de tijolos e cimento, mas como uma arquitetura de ternura. Cresceu como crescem as coisas vivas: devagar, com raízes profundas. 

divaldo e nilson
Divaldo e Nilson / Fonte mansão do caminho

Hoje, esse espaço em Salvador é mais do que um centro assistencial — é um organismo pulsante, onde escolas ensinam com afeto, creches protegem com doçura, oficinas despertam talentos e ambulatórios cuidam de dores que nem sempre os remédios conseguem curar.

Quem poderia imaginar que aquele menino simples do interior, tantas vezes incompreendido, se tornaria uma voz de amor e sabedoria ouvida em mais de 70 países? Com sua mala sempre pronta e o coração transbordando de boas intenções, Divaldo viajou pelos quatro cantos do mundo, falando diferentes idiomas, mas sempre com a mesma linguagem universal do amor.

O Trabalho Mediúnico e os Livros

Se você já folheou um livro que tocou profundamente sua alma, talvez compreenda melhor o impacto das obras psicografadas por Divaldo Franco. Como um canal entre dois mundos, ele emprestou suas mãos para que espíritos como Joanna de Ângelis pudessem transmitir palavras de consolo e sabedoria. Resultado dessa parceria espiritual? 

Mais de 250 livros nasceram de suas mãos — ou talvez do seu coração — trazendo alívio para perguntas que doíam no silêncio de muitas almas. São páginas que, para muitos, não foram apenas leitura, mas resgate: cada palavra, um fio de luz puxando alguém de volta do abismo.

Entre tantas vozes do além que sussurraram através dele, Joanna de Ângelis ocupava um lugar especial — não como uma guia distante, mas como uma mãe espiritual. Amorosa, firme e infinitamente sábia, foi seu farol nas noites mais nebulosas, sua companheira invisível numa travessia que exigia coragem de santo e ternura de poeta. Através dele, ela compartilhou mensagens que são como abraços em forma de palavras, acolhendo corações feridos e iluminando caminhos obscuros.

Outros espíritos também utilizaram a sensibilidade mediúnica de Divaldo para trazer conhecimento sobre os mais diversos temas. Manoel Philomeno de Miranda abordava questões sobre obsessão espiritual com a clareza de quem conhece profundamente o assunto. Já o famoso escritor Victor Hugo, continuou sua produção literária mesmo após deixar o plano físico, ditando obras ricas em conteúdo filosófico e histórico.

A Mansão do Caminho: Onde o Amor se Transforma em Teto e Pão

Quando você encontra uma criança de rua, o que passa pela sua cabeça? Para Divaldo e Nilson, a resposta foi construir não apenas um abrigo, mas um verdadeiro lar. A Mansão do Caminho, talvez a obra mais palpável e visível do trabalho desses dois amigos, abriu seus braços para mais de 600 crianças ao longo de 70 anos.

Imagine só: cada uma dessas crianças não era apenas um número ou uma estatística. Eram filhos e filhas para Divaldo e Nilson, que os criaram com o mesmo amor e dedicação que qualquer pai dedicaria aos seus. Hoje, muitos desses meninos e meninas, já adultos, carregam em seus corações as lições aprendidas naquele lugar.

Atualmente, a Mansão do Caminho é muito mais que um simples orfanato. Ocupando uma área de 78 mil metros quadrados, o complexo abriga escolas onde risadas infantis ecoam pelos corredores, oficinas onde jovens descobrem talentos e possibilidades, e ambulatórios onde dores físicas e emocionais são tratadas com igual atenção.

E quem mantém tudo isso funcionando? Um exército de corações generosos. Pessoas que doam tempo, dinheiro e habilidades porque acreditam, assim como Divaldo acreditava, que a verdadeira transformação social começa pelo amor e pela educação.

Histórias de Transformação

Por trás das estatísticas que impressionam — milhões de livros espalhados pelo mundo, centenas de crianças acolhidas, dezenas de países alcançados — há algo que não cabe em números: o impacto silencioso, íntimo e irreversível que Divaldo Franco deixou na vida de tantas pessoas. 

Maria Silva é uma dessas histórias. Depois de perder o filho, passou a caminhar como quem carrega o mundo às costas — e ainda mais: como quem perdeu o chão e o céu ao mesmo tempo. A dor era tão funda que os dias se arrastavam sem sentido, como se a vida tivesse sido desligada por dentro. Até que, certa tarde, uma amiga lhe colocou nas mãos um livro psicografado por Divaldo. E aquelas palavras, suaves como brisa e firmes como rocha, começaram a fazer o que nem o tempo ousava: reconectar Maria com a esperança.

A depressão, como um manto escuro, cobria seus dias. “Eu simplesmente não encontrava mais razão para levantar da cama”, compartilha ela com olhos marejados. Aquelas palavras… De repente, comecei a entender que meu filho não tinha desaparecido para sempre.”

João Oliveira tem uma história diferente, mas igualmente tocante. Hoje um empresário respeitado, ele ainda se lembra dos dias em que dormia nas ruas de Salvador. “Se não fosse pela Mansão do Caminho, sinceramente… eu nem sei se ainda estaria aqui pra contar essa história”, diz ele, com a voz embargada, como quem ainda se espanta por ter sobrevivido. “Lá, não foi só o alfabeto que me ensinaram. Me ensinaram que eu valia alguma coisa. Que eu não era só mais um perdido na rua. Que eu podia, sim, ser alguém.” Divaldo e Nilson não eram apenas diretores de uma instituição – eram pais para todos nós.”

As Palestras que Abraçavam Almas

Quem já teve a oportunidade de assistir a uma palestra de Divaldo Franco sabe que era uma experiência difícil de descrever em palavras. Não era apenas o que ele dizia, mas como dizia. Com uma simplicidade que tornava acessíveis até os conceitos mais complexos, ele falava direto ao coração das pessoas.

divaldo franco palestra

Em suas palestras, sempre lotadas, era possível ver o banqueiro sentado ao lado da empregada doméstica, o ateu ao lado do religioso fervoroso. Todos unidos pela mesma sede de conhecimento e consolo. Porque Divaldo falava sobre temas que tocam a todos nós: amor, perdão, família, felicidade – sem nunca impor suas crenças ou julgar as dos outros.

Ana Luiza, uma jovem que se auto intitulava cética, conta com sinceridade: “Fui arrastada por minha mãe a uma palestra dele. Sentei lá atrás, de braços cruzados, pronta para criticar tudo. Mas quando ele começou a falar… algo simplesmente mudou dentro de mim. Era como se ele estivesse falando diretamente para mim, respondendo perguntas que eu nem sabia que tinha.”

Uma Jornada de Desafios e Superações

Embora hoje seja lembrado com admiração e respeito, o caminho de Divaldo Franco foi repleto de pedras e espinhos. Nos primeiros passos de sua mediunidade, Divaldo caminhava por um terreno áspero — não por causa dos espíritos, mas por causa dos vivos. Num Brasil ainda atravessado pelo medo do que não se compreende, ele foi taxado de louco, de charlatão, até mesmo acusado de ter feito pacto com o demônio. Era o preço cruel de enxergar onde os outros preferem fechar os olhos.

divaldo franco trabalhando

Na escola onde lecionava, seus próprios colegas — professores, teoricamente educadores — desviavam o olhar ao cruzar com ele no corredor, como se sua presença carregasse algum contágio invisível. Houve pais que retiraram seus filhos da sala ao saberem que aquele homem “falava com os mortos”. E, no entanto, ele não se calou, nem se curvou. Como o sol que insiste em romper as nuvens mais espessas, Divaldo seguiu. Seguiu sem gritar, sem se defender com raiva — apenas com trabalho, paciência e luz.

“Aprendi desde cedo que o preconceito é filho da ignorância”, dizia ele, com aquele sorriso tranquilo de quem já perdoou o mundo — talvez por conhecê-lo por dentro. “E a única forma de combater a ignorância é com educação e amor.”

Até seus últimos dias neste plano, Divaldo carregou a mesma chama serena que o guiou por quase um século. Nem mesmo o câncer, que lhe corroía o corpo em silêncio, foi capaz de apagar sua vontade de servir. Continuava firme, presente, incansável — como se a dor fosse apenas um detalhe menor diante da missão maior. E lá estava ele: sorriso leve no rosto, voz mansa, e sempre uma palavra que era mais remédio que discurso, mais abraço que consolo.

Um Legado de Amor que Continua Vivo

Embora Divaldo Franco tenha partido fisicamente em 13 de maio de 2025, seu legado continua pulsando em cada vida que ele tocou. Seus livros continuam a ser lidos e relidos, levando consolo e orientação a quem busca respostas. A Mansão do Caminho segue acolhendo e educando, mantendo viva a chama do amor ao próximo que ele tanto acendeu.

Mas talvez o maior presente que Divaldo deixou para todos nós seja o exemplo de sua própria vida. 

Em tempos em que o individualismo parece reinar absoluto, sua trajetória nos recorda que a verdadeira felicidade não está em acumular bens materiais, mas em estender a mão a quem precisa.

“A vida só tem sentido quando é vivida para os outros”. Esta frase, repetida tantas vezes por ele em suas palestras, resume uma filosofia que, se abraçada por mais pessoas, poderia transformar nossa sociedade e nosso mundo em um lugar mais justo e amoroso.

O Amanhã da Mansão do Caminho

Uma das maiores preocupações de Divaldo sempre foi garantir que seu trabalho continuaria mesmo quando ele já não estivesse mais fisicamente presente. Por isso, nos últimos anos de sua vida, dedicou-se a preparar uma equipe comprometida e capacitada para dar continuidade à Mansão do Caminho.

Hoje, muitos daqueles meninos e meninas que um dia foram acolhidos pela instituição, agora adultos, retornam como voluntários ou funcionários. “É como se o ciclo se completasse”, explicava Divaldo com olhos brilhantes de emoção. “Aqueles que um dia receberam ajuda agora se tornaram os ajudantes.”

Um Até Logo Cheio de Gratidão

A trajetória de Divaldo Franco é um convite à reflexão sobre o que realmente importa na vida. Seja qual for sua crença ou filosofia, sua história nos lembra que o amor ao próximo e a busca pelo bem coletivo são valores universais, capazes de unir pessoas além de diferenças culturais, religiosas ou geográficas.

De criança simples a médium admirado mundialmente, sua vida é a prova de que fé, resiliência e ação podem transformar desafios em legados. Divaldo não apenas superou suas próprias dificuldades, mas dedicou toda a sua existência a aliviar o sofrimento alheio e semear esperança – mostrando que as maiores conquistas são aquelas que beneficiam a todos.

Seja através de seus livros que acolhem corações em dor, suas palestras que ecoam como mensagens atemporais ou, acima de tudo, seu exemplo vivo de compaixão, Divaldo Franco continua a iluminar caminhos. Sua obra não inspira apenas uma busca pelo espiritual, mas um chamado à ação: sermos mais humanos, mais solidários e, juntos, construirmos um mundo onde o amor e a empatia guie nossos passos.

Que sua história nos motive a fazer a diferença, começando pelo simples, mas poderoso, gesto de estender a mão ao próximo.

Como ele mesmo costumava dizer com aquele sorriso sereno que era sua marca registrada: “Não basta ser bom, é preciso fazer o bem”. E foi exatamente isso que ele fez ao longo de seus 98 anos entre nós: transformou bondade em ações concretas que mudaram realidades e construíram pontes entre corações.

Principais Marcos na Jornada de Divaldo Franco

  • Nasceu em 5 de maio de 1927, em Feira de Santana, Bahia, trazendo consigo um dom especial
  • Partiu para o plano espiritual em 13 de maio de 2025, em Salvador, Bahia, aos 98 anos
  • Desde criança, já demonstrava suas habilidades mediúnicas, conversando com quem poucos podiam ver
  • Formou-se professor e dedicou-se à educação no serviço público, moldando mentes e corações
  • Em 1952, com seu inseparável amigo Nilson, fundou a Mansão do Caminho, lar para mais de 600 crianças
  • Através de suas mãos, o mundo recebeu mais de 250 livros psicografados, verdadeiros bálsamos para almas feridas
  • Sua voz de sabedoria e amor ecoou em mais de 70 países, em diversos idiomas
  • Tinha em Joanna de Ângelis sua principal mentora espiritual, uma parceria que atravessou décadas
  • Deixa como maior legado não apenas suas obras, mas seu exemplo de vida dedicada ao amor e à caridade.

Keliton Xavier

Produtor de conteúdo, trabalha com tecnologia há mais de 20 anos.

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